Há um pulo na cachoeira na ponta de meus dedos
Há um mergulho na lama em frente aos meus pés
Há quem sabe o recuo sem fé
E olhos que são morcegos se esgueirando
A batida do funk sou eu
A dança da laje é comigo
Sou filho do beijo da puta
Tapando os ouvidos e dizendo um gago “não” compulsivo
Sentando num banco inimigo, maldizendo a mulata
Correndo do que seja entrega e troca e janela e sorriso
Poupando dias gerúndios sem riscos
E posso negar, simplesmente
Construindo uma represa de argamassa
E posso aguardar, de repente
Que se faça a fissura
Que depois me alague
Mas o passarinho conta
Há mesmo um buraco que se abre a todo minuto
Como um dia sob o menino, maluco por um culpado
Há um bater de asas sem estrutura
Sem pilar ou arquitetura que sustente o sonho seguro
Aqui é o fundo do poço, então salte
Aqui o lago é profundo
Aqui é o salto na pedra, então quebre
Aqui é a gastura de ratos e surpresas